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“Não há administração eficiente quando há indicações políticas”, declara Magnoli

Para que o Brasil supere o caos político instalado e as empresas voltem a “ter saúde”, Demétrio Magnoli afirma que o conceito de interesse público deve ser restaurado, ou seja, “Não há administração eficiente quando dezenas de milhares de cargos são preenchidas por indicações políticas”. O sociólogo e comentarista político vai estar em Maceió para participar do Pajuçara Management, que acontece dias 7 e 8 de junho.

Demétrio é uma das estrelas do evento e fará uma abordagem sobre o cenário político, social e econômico do Brasil e do Mundo. É doutor em Geografia Humana pela USP, comentarista político da Globo News e colunista dos jornais O Estado de São Paulo e O Globo e especialista em política internacional. Escreveu, entre outros livros, ‘Gota de Sangue – História do Pensamento Racial’ e ‘O Leviatã Desafiado’.

Confira a entrevista a seguir:

- Como a superação desse caos político vivenciado no Brasil poderá reoxigenar a economia e fazer as empresas voltarem a crescer?

- Demétrio Magnoli – O passo crucial é restaurar o conceito de interesse público – ou seja, traçar uma fronteira entre a administração pública e os partidos. Não podemos ter estatais dirigidas por militantes políticos. Não há administração eficiente quando dezenas de milhares de cargos são preenchidas por indicações políticas.

- Qual a saída para recuperar a economia e o mercado de trabalho?

- Demétrio Magnoli – Imediatamente, precisamos de muito pouco. Uma política econômica razoável, articulada em torno da recuperação do equilíbrio fiscal pela via da redução dos gastos estatais e o início de algumas reformas essenciais, como a da Previdência, são suficientes para reverter a desconfiança, criar uma base de credibilidade e propiciar a retomada dos investimentos. Mas isso é só o começo. Em um médio prazo, precisamos de uma reforma do Estado e de uma ampla reforma política. Isso é coisa para debater nas eleições de 2018.

- É difícil exigir comportamento ético dos colaboradores das empresas diante de um cenário de tantos escândalos de corrupção envolvendo gestores públicos e empresários? E qual a vantagem de ser um gestor ético?

- Demétrio Magnoli – Não, pelo contrário. A corrupção vem sendo desvendada em processos judiciais de repercussão nacional. O fato de termos empresários e políticos presos, afastados de suas funções ou indiciados, isso deve servir como exemplos nas empresas. Marcelo Odebrecht na cadeia, Dilma impedida e Lula indiciado mostram que o Brasil pode mudar. Se considerarmos um horizonte de curto prazo, não há vantagens evidentes para as empresas que agem de forma ética. Mas, a médio e longo prazos, elas ganham muito. Primeiro, porque conquistam o respeito de colaboradores, parceiros e clientes. Depois, firmam sua marca e ganham o direito de se pronunciar no debate público.

- Em sua opinião, esses processos de intolerância e falta de diálogo estão afetando o ambiente das empresas?

- Demétrio Magnoli – Há uma clara contaminação das relações pessoais e das relações no trabalho. A solução não é dizer que é preciso separar a esfera da política das esferas pessoal e profissional, pois isso equivaleria a dizer que a política pode continuar envenenada pela intolerância. No lugar disso, a solução é criticar a intolerância política, explicando que a divergência deve se organizar em torno das ideias, da substância, dos temas em discussão – não do pedigree partidário dos sujeitos que debatem.

- Qual papel as lideranças na área de Recursos Humanos têm dentro de um cenário político tão afundado em corrupção como estamos vivenciando no Brasil?

- Demétrio Magnoli – É preciso que, de forma sutil, mas persistente, o líder de RH veicule a mensagem sintetizada na resposta anterior, ou seja, a superação do “nós” contra o “eles” e o respeito das divergências em torno de ideias. Não é fácil! O pessoal de RH não está treinado para isso. É tarefa a ser coordenada pela direção da empresa, junto com esses responsáveis pelo RH e os de Comunicação Interna.

- Na opinião de muito analistas, o Brasil “não sabe para onde está indo”. Nesse cenário, é possível para os líderes serem inovadores e enxergarem “luz no fim do túnel”?

- Demétrio Magnoli – Há um curioso paradoxo aí. Temos, hoje, um largo consenso político (que só exclui os extremos à direita e à esquerda) sobre o rumo econômico e social. Há, ainda, um razoável consenso sobre uma reforma política mínima. Falta, entretanto, uma liderança político-partidária com credibilidade para difundir esse consenso.

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Inscrições abertas

Ficou interessado em saber mais sobre o cenário político, social e econômico do Brasil e do Mundo? Então, faça já sua inscrição até 25 de maio para aproveitar o lote promocional do Pajuçara Management. Essa análise da conjuntura brasileira será feita por Demétrio Magnoli, no dia 8 de junho, às 8h30. Você pode se inscrever pelo site Pajuçara Eventos ou pelos telefones 3031-3563 ou 99657-0555. Caso queira assistir apenas à palestra de Magnoli, o valor está R$ 100. Aproveite!

O Pajuçara Management acontece dias 7 e 8 de junho no Centro Cultural e de Exposições de Maceió. O evento tem como patrocinadores empresas e instituições de referência no país, entre elas Braskem, Maceió Shopping, Unimed, Federação da Indústria de Alagoas, Sebrae, Centro Universitário Tiradentes (Unit), Meyer e Federação do Comércio de Alagoas.


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